Opinião

O que se vê da cidade

A reportagem publicada nesta edição, escrita por Victoria Fonseca com imagens de Carlos Queiroz, não é de autoria apenas de ambos. Assim como tantas outras estampadas diariamente nas páginas do DP e disponibilizadas em nosso site, ela foi produzida em conjunto com leitores. Cidadãos que formam essa parceria em que seus olhares e vozes são amplificados através do Jornal. No caso da matéria desta página 3, o olhar é de decepção diante do estado lamentável de conservação de patrimônios de Pelotas.

No caso, o foco da publicação está sobre a praça Coronel Pedro Osório, referência para todos os pelotenses e ponto primário de visitação para a maioria dos visitantes que chegam à cidade que se orgulha de respirar cultura e exibir sua história. Contudo, este espaço atualmente tem a beleza de suas obras e paisagismo ofuscada pelo descaso. Tanto do poder público quanto de uma minoria dos próprios pelotenses. Andar pelos caminhos da praça é encontrar monumentos em situações precárias. Quebrados, vandalizados, furtados, pichados. Toda sorte de danos. Não escapam sequer a Fonte das Nereidas ou a obra em homenagem a Yolanda Pereira, muito menos a estátua do personagem que dá nome ao local.

A responsabilidade de quem destrói é óbvia. Por simples vandalismo ou por furto de quem enxerga em peças de metal ou outros itens uma oportunidade de fazer dinheiro, fato é que não há local de Pelotas em que os danos à sua história e memória não estejam presentes, o que há muito é mostrado em reportagens, sem que nada de efetivo ocorra para mudar essa realidade. E é neste ponto que está a tarefa que a maioria dos cidadãos esperam que o poder público cumpra. Afinal, o Município tem órgãos com esta atribuição, incluindo uma Guarda Municipal cuja função originária é justamente a proteção ao patrimônio público e às pessoas. Ainda que seja compreensível a dificuldade de a vigilância estar em todos os lugares ao mesmo tempo, mais difícil ainda é considerar normal ou inevitável a destruição de bens de toda a população. Itens, prédios, monumentos que compõem conjuntos tombados pelo Iphan e que, além da representação de identidade de um povo, são atrativos turísticos e que ajudam a movimentar a economia.

Em tempos de Fenadoce, com milhares de turistas de todo o Brasil e até de países vizinhos circulando por Pelotas, o que se vê da cidade vai além dos doces incomparáveis, de paisagens únicas e tantos outros atrativos. O que se vê, também, é parte de obras de arte, espaços públicos e monumentos sendo destruídos. E essa destruição do patrimônio e apagamento da história virando um novo normal. Vamos continuar assistindo?

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